27.9.06

Se me deixam falar

Ontem, o Emir Sader fez uma breve análise da disputa eleitoral que coincide com o que penso a respeito da batalha que vem sendo travada nos últimos dias. Destaco aqui um pequeno trecho:

Não entremos a considerar as razões dessa oposição e dos ataques brutais contra o governo. Sabemos que não é zelo pela ética, porque a direita tolerou, participou e ganhou com todas as maracutaias da ditadura, do governo Collor, do governo FHC e de tantos governos locais. [...] Trata-se de uma ofensiva contra a esquerda, como fica claro nos temas programáticos centrais da direita: menos Estado, retomada das privatizações (Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal, BNDES), menos tributação, corte maior dos gastos públicos, maior abertura da economia, fim das regulações estatais, privilegio das relações externas com o Norte e fim da política Sul/Sul, menos soberania e integração, mais livre comércio e Alca, políticas de segurança pública ainda mais repressivas, tratamento duro com os movimentos sociais.
...
A esquerda tem que mostrar agora que sabe distinguir os campos de enfrentamento, mais além das diferenças que têm. A esquerda que não distingue o campo e os movimentos da direita, não é esquerda, se perde nos ataques dispersos a outros candidatos do próprio campo da esquerda e acaba perdendo seu próprio caráter de esquerda. A esquerda tem que demonstrar, diante dessa feroz ofensiva da direita, que sabe colocar em prática uma política de frente única, que não confunde inimigos estratégicos com aliados táticos, que sabe distinguir as linhas de divisão das contradições irreconciliáveis entre direita e esquerda.
Não abrir mais flancos ao inimigo – ademais dos graves erros cometidos pelo PT – e aparecer firmemente unida numa frente anti-direitista, que fortaleça a esquerda, que aponte para seus inimigos fundamentais – o neoliberalismo, a hegemonia imperial estadunidense, o monopólio midiático. Contra o poder do dinheiro, das armas e da palavra – pilares do poder no mundo atual e inimigos fundamentais da esquerda.

A esta altura do campeonato, a quem serve o discurso de Heloísa Helena e Cristóvam Buarque? Á direita, é claro! Quem é o alvo preferencial da raivosa senadora HH, com sua metralhadora carregada de jargões? Por que HH e Buarque não atiram em Alckmin, como seria natural? Porque, pelo menos até aqui, estão preocupados apenas com seus projetos de poder. A nação que se dane!
Eu já vi esse filme. Na Bahia, há 16 anos, a esquerda míope devolveu o poder ao grupo do ACM, que havia sido escorraçado por Waldir Pires na eleição anterior. Desde então, reassumiu sua hegemonia e deverá permanecer por mais 4 anos, se as pesquisas se confirmarem. No total, 20 anos corridos de truculência e enganação. A Bahia é, hoje, a líder no ranking da miséria no nordeste. São 5 milhões de baianos passando fome!

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