3.10.06

Fim do Carlismo?

Transcrevo a seguir, uma mensagem distribuída por Felix Pereira dos Santos, Presidente do Sindicato dos Engenheiros da Bahia.

O Fim de Uma Era
A vitória de Jacques Wagner ao Governo do Estado da Bahia, significou o fim de um ciclo histórico iniciado na segunda metade dos anos 60 , mais exatamente em 1966 com a indicação do jovem deputado Antonio Carlos Magalhães para Prefeito de Salvador pelo Governador Luiz Viana Filho com apoio do Ex – Ministro do Exterior e Ex - Governador da Bahia ( por duas vezes) General Juraci Magalhães, ambos oriundos da antiga U.D.N e articuladores do golpe militar de 1964.

A partir do mandato de Prefeito e com sua posterior indicação para Governador do Estado para período 1970 á 1974, ACM (como passou ser conhecido) fundou um império econômico e político no nosso Estado. Inicialmente ele desbancou do poder político estadual as velhas oligarquias estaduais ( Juracisismo, Vianismo, Lomanto Junior, Manoel Novaes e etc) e promoveu o ingresso na política baiana de tecnocratas, primeiro como secretários e depois como parlamentares , prefeitos e alguns como governadores de estado: Mario Kertesz, Cleriston Andrade, Benito Gama, Waldeck Ornelas, Eraldo Tinoco, Paulo Souto, entre outros.

Do ponto de vista econômico, ACM promoveu a modernização conservadora do Estado da Bahia em consonância com modelo econômico dos governos militares que incentivava a implantação de grandes empreendimentos econômicos nas regiões menos desenvolvidas, através de incentivos fiscais e com participação de capitais estatais, privado e estrangeiro, este modelo foi aplicado com relativo sucesso na implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari.

Durante esses 40 anos o poder econômico e político de A.C.M teve um crescimento constante com liquidação total das demais alternativas conservadoras ( Vianismo, Juracisismo, Roberto Santos e etc) e com ampliação do seu poder para Esfera Federal de Governo , a partir do Governo do Presidente José Sarney e com a constituição de império de telecomunicações ( Rede Bahia), sofrendo apenas dois grandes reveses políticos: Eleição de Waldir Pires em 1986 e a morte prematura do seu herdeiro político Luis Eduardo Magalhães em 1994.

A derrota do Carlismo ocorrida ontem foi definitiva , não há mais possibilidade histórica para a sua recomposição, outros atores conservadores irão surgir na cena política baiana, alguns destes foram inclusive nossos aliados na derrota do Carlismo. É importante notar que não foi apenas Paulo Souto que foi derrotado nesta eleição, mas muito daqueles técnicos que começaram a sua carreira política na década de 70 com beneplácito de A.C.M : Benito Gama, Eraldo Tinoco, Rodolfo Tourinho e etc.

O PT e seus aliados não podem desperdiçar esta oportunidade histórica de reconstruir uma nova Bahia, sobre novos parâmetros éticos, de competência administrativa, de uma nova relação do publico com o privado (na era Carlista era difícil à distinção entre o negócios estatais e familiares) e um projeto de desenvolvimento econômico que realize a inclusão social.


Concordo com Felix: o cenário atual é diferente, os atores são outros, mas o carlismo é demoníaco. É como rabo de lagartixa, que, mesmo separado do corpo, continua se mexendo. E se a gente não mata a lagartixa bem matado, com atestado de óbito lavrado em cartório, o rabo da lagartixa volta a crescer. Quando, em 1986, Waldir Pires impingiu uma derrota fragorosa ao carlismo, julgamos que era o fim de ACM. Entretanto, por razões várias, 4 anos depois o carlismo reassumiu o poder, onde permaneceu por mais 16 anos.
Mais do que nunca, precisamos estar atentos. Mais do que nunca, precisamos exercitar o diálogo com todos os partidos de esquerda, a fim de consolidar essa vitória e enterrar de vez a lagartixa.

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A exemplo do que ocorreu em São Paulo, aqui também observamos um descolamento entre a eleição para presidente e a eleição para deputados. Os baianos votaram maciçamente em Lula e Jaques Wagner, mas o campeão de votos para a Câmara dos Deputados foi ACM Neto.
Considero fundamental um esforço concentrado no sentido de instruir a população para a importância das eleições proporcionais. Num regime como o nosso, nenhum presidente é capaz de governar e cumprir seus compromissos de campanha sem o apoio do Congresso.

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Jaques Wagner (PT) - futuro governador da Bahia

O sucesso do governo Jaques Wagner dependerá, em grande parte, da reeleição de Lula. É praticamente impossível, mantidas as atuais regras do jogo, governar sem o apoio (e a grana) do governo federal.



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