27.10.06

Sobre o voto nulo

O voto nulo é legítimo, logo não me cabe criticar aqueles que pretendem lançar mão desse direito nas próximas eleições. Permito-me, contudo, algumas reflexões a respeito.

O voto nulo é um voto simbólico. A intenção por trás do ato é manifestar a não aceitação e/ou discordância em relação às alternativas que se colocam, podendo ser compreendido, portanto, como um ato de protesto que não produz efeitos práticos, como veremos a seguir.

Embora legítimo, o voto nulo não é considerado válido pelo nosso sistema eleitoral. O vencedor será aquele que obtiver a metade mais 1 dos votos válidos (total de votos apurados menos os votos em branco e os votos nulos). Ou seja, mesmo que 90% da população opte por votar nulo, haverá um vencedor (se alguém com tão pouca representatividade conseguirá, ou não, governar, é outro papo).

Quando afirmo que o voto nulo não produz efeitos práticos, o faço com base no fato de que o voto nulo não anula a eleição. Quem anula o voto está, assim, abdicando do direito de influir nos resultados. Age como Pilatos - lavando as mãos e se eximindo da responsabilidade - ou como a criança que desiste de brincar quando a brincadeira deixa de lhe ser vantajosa.

O jogo democrático não é assim tão simples. Governa quem recebe o apoio da maioria da população, o que não significa que o governante represente perfeitamente os ideais de cada um de nós. A vontade da maioria é, a grosso modo, uma média da vontade dos indivíduos que a compõe. A maioria comporta, portanto, um certo nível de divergência e discordância.

De concreto, a única certeza que temos é que a partir de janeiro, e durante os próximos 4 anos, seremos governados por Lula ou Geraldo. É razoável supor que as propostas de um se aproximam mais do seu "sonho de governo" do que as propostas do outro. Sendo assim, por que não votar naquele que, mesmo não sendo o candidato ideal, reúne mais condições de conduzir o país no caminho que lhe parece correto?

Deixo a questão em aberto, pois como dizia aquele programa, você decide.

4 comentários:

Anônimo disse...

José, permita-me a intimidade, acho que você deveria ou melhor deve ter uma expressão mais signicativa na internet seu blog tem um nível altíssimo, seus comentários têm alto teor reflexivo. VOCÊ TEM O BRILHO DAS ESTRELAS. Isso é um comentário franco.
Meu nome é Jorge
meu e-mail é jorgeam30@ig.com.br

Anônimo disse...

Certo ou errado, eu voto em...
Débora

anja disse...

Hummm! Tá podendo heinn?
Tb concordo com o brilho das Estrelas!

Nestas eleições estou mais nervosa que cascudo atravessando o galinheiro.
Mas não voto nulo nem branco.

Não consegue ouvir minhas musiquinhas (ufa do que escapaste hein?) mas se quiser mesmo tente aqui:
http://anja.podomatic.com/

Unknown disse...

Em primeiro lugar, concordo contigo em relação a mensagem do post como um todo.

Me parece que as pessoas têm tido uma visão muito confusa, obtusa, embotada, cartesiana, passional em relação a tudo isto.

Mais ou menos assim, a mulher descobriu que foi traída, mas ainda ama o marido e lhe negar uma segunda chance é o prato frio da vingança.

E quando alguém quer se vingar, imediatamente fica contra o outro.

E aqui, ficar contra o outro significa não ficar a favor de si mesmo! Erro crasso. O maior erro que se pode cometer. Erro comparado ao erro do ignorante!

Não estou anuindo que Lula tinha o direito de nos decepcionar como o fez.

Mas sei também que não se trata de ter direito. Tenho sim é que encarar a realidade de que errar e acertar faz parte da nossa tapeçaria chamada humanidade.

Também fiquei puta, frustrada, e confesso que não tenho a mesma emoção de quatro anos atrás.

Mas ainda tenho esperança. E minhas esperanças não combinam com a tucanagem de Geraldo Alckmin que não é o candidato ideal nem para o seu partido.

Bjos,
Acho que me estendi......